A história da Ginástica
confunde-se com a história do homem. A Ginástica entendida por Ramos (1982: 15)
como a prática do exercício físico “vem da Pré-história, afirma-se na
Antiguidade, estaciona na Idade Média, fundamenta-se na Idade Moderna e
sistematiza-se nos primórdios da Idade Contemporânea”. No homem pré-histórico a
atividade física tinha papel relevante para sua sobrevivência, expressa
principalmente na necessidade vital de atacar e defender-se. O exercício físico
de caráter utilitário e sistematizado de forma rudimentar, era transmitido
através das gerações e fazia parte dos jogos, rituais e festividades.
Na Antiguidade,
principalmente no Oriente, os exercícios físicos aparecem nas várias formas de
luta, na natação, no remo, no hipismo, na arte de atirar com o arco, como
exercícios utilitários, nos jogos, nos rituais religiosos e na preparação
guerreira de maneira geral. Na Grécia nasceu o ideal da beleza humana, o qual
pode ser observado nas obras de arte espalhadas pelos museus em todo o mundo,
onde a prática do exercício físico era altamente valorizada como educação
corporal em Atenas e como preparação para a guerra em Esparta. O facto de ser a
Grécia o berço dos Jogos Olímpicos, disputados 293 vezes durante quase 12
séculos (776 a. C-393 d. C), demonstra a importância da atividade física nesta
época. Em Roma, o exercício físico tinha como objetivo principal a preparação
militar e num segundo plano a prática de atividades desportivas como as corridas
de carros e os combates de gladiadores que estavam sempre ligados às questões
bélicas. Recordações das magníficas instalações esportivas desta época como as
termas, o circo, o estádio, ainda hoje impressionam quem os visita pela
magnitude de suas proporções.
Na Idade Média os
exercícios físicos foram a base da preparação militar dos soldados, que durante
os séculos XI, XII e XIII lutaram nas Cruzadas empreendidas pela igreja. Entre
os nobres eram valorizadas a esgrima e a equitação como requisitos para a
participação nas Justas e Torneios, jogos que tinham como objetivo “enobrecer o
homem e fazê-lo forte e apto”(Ramos, 1982). Há ainda registros de outras
atividades praticadas neste período como o manejo do arco e flecha, a luta, a
escalada, a marcha, a corrida, o salto, a caça e a pesca e jogos simples e de
pelota, um tipo de futebol e jogos de raquete.
O exercício físico na
Idade Moderna, considerada simbolicamente a partir de 1453, quando da tomada de
Constantinopla pelos turcos, passou a ser altamente valorizado como agente de
educação. Vários estudiosos da época, entre eles inúmeros pedagogos,
contribuíram para a evolução do conhecimento da Educação Física com a publicação
de obras relacionadas à pedagogia, à fisiologia e à técnica. A partir daí surgiu
um grande movimento de sistematização da Ginástica.
Segundo Langlade e
Langlade (1970), até 1800 as formas comuns de exercício físico eram os jogos
populares, as danças folclóricas e regionais e o atletismo. Para estes autores,
a origem da atual Ginástica data do início do século XIX, quando surgiram quatro
grandes escolas: A Escola Inglesa, a Escola Alemã, a Escola Sueca e a Escola
Francesa, sendo a primeira mais relacionada aos jogos, atividades atléticas e ao
esporte. As demais escolas foram as responsáveis pelo surgimento dos principais
métodos ginásticos, que por sua vez determinaram a partir de 1900 o início dos
três grandes movimentos ginásticos na Europa. São eles: o Movimento do Oeste na
França, o Movimento do Centro na Alemanha, Áustria e Suíça e o Movimento do
Norte englobando os países da Escandinávia.
Estes movimentos vão
até 1939 quando foi realizada a primeira Lingiada em Estocolmo, um festival
internacional de Ginástica em comemoração ao centenário de morte de Per Henrik
Ling, o maior nome da Ginástica Sueca, dando início ao período que se estende
até os dias de hoje, denominado “Influências recíprocas e universalização dos
conceitos ginásticos”, segundo Langlade e Langlade (1970).
A denominação
Ginástica, inicialmente utilizada como referência a todo tipo de atividade
física sistematizada, cujos conteúdos variavam desde as atividades necessárias à
sobrevivência, aos jogos, ao atletismo, às lutas, à preparação de soldados,
adquiriu a partir de 1800 com o surgimento das escolas e movimentos ginásticos
acima descritos, uma conotação mais ligada à prática do exercício físico. De
acordo com Soares (1994: 64), a partir desta época, a Ginástica passou a
desempenhar importantes funções na sociedade industrial, “apresentando-se como
capaz de corrigir vícios posturais oriundos das atitudes adotadas no trabalho,
demonstrando assim, as suas vinculações com a medicina e, desse modo,
conquistando status.
Inúmeros métodos
ginásticos foram sendo desenvolvidos principalmente nos países europeus, os
quais influenciaram e até os dias de hoje influenciam, a Ginástica mundial e em
particular a brasileira. Dentre aqueles que tiveram maior penetração no Brasil
destacam-se as escolas alemã, sueca e francesa. Essas questões são amplamente
analisadas por autores como Ramos (1982), Marinho [19--], Langlade e Langlade
(1970), Castellani Filho (1988), Soares (1994) entre outros, os quais tem
estudado os aspectos históricos relacionados à Educação Física e à Ginástica e
contribuído de forma significativa para a compreensão de sua evolução em nível
nacional e internacional.
GINÁSTICA ARTÍSTICA
Sem comentários:
Enviar um comentário